Logística e Supply Chain 4.0: Estratégias e Tendências

O Objetivo deste artigo é promover a reflexão sobre o que realmente está acontecendo no mundo da Logística e da Supply Chain e quais os melhores caminhos a serem seguidos neste momento de transformação.

Há um fenômeno de fato de transformação digital no mundo e uma febre generalizada sobre o varejo digital, porém poucos planos são consistentes e poucas empresas estão prontas para este momento.

Segundo o relatório do Digital Supply Chain Management 2020 Visio da SAP:

90% dos CEO acreditam que a economia digital terá um grande impacto na sua indústria;

mas apenas 25% têm um plano de digitalização elaborado.

Em 2017 foram investidos mais de 1 trilhão de dólares em iniciativas de

Transformação Digital

Esta nova revolução, denominada de Revolução Industrial 4.0, difere das demais revoluções em Velocidade, Abrangência e Profundidade. Ou seja, não há mais tempo a perder. Para quem adotou com sucesso os processos de transformações digitais em curso, viram suas receitas aumentarem em média de 9% e o valor de seus negócios saltarem em média de 12%, além de aumentaram a rentabilidade em 16%.

Contextualização

O futuro é digital. Isso não podemos negar. As constantes transformações tecnológicas que mundo vem passando mostram de fato que a ficção virou realidade.

Os avanços nas tecnologias vêm provocando profundas mudanças em nossa sociedade e nos hábitos de consumo. Compreender as ferramentas existentes e como impactam os negócios é fundamental para uma transformação digital de sucesso.

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Blockchain, IOT, I.A., Nuvem, Robótica, Drones, Realidade Virtual, Realidade aumentada, Impressão 3D, Nanotecnologia, Biotecnologia, Veículos autônomos, entre outros, são partes deste fenômeno que esta transformação trouxe para a realidade e que precisam ser compreendidos e avaliados de como podem ser estratégicos e influenciadores no mundo dos negócios.

Com esta transformação digital o entendimento sobre o perfil do consumidor precisa ser melhor entendido. Entender e pensar na relação de um produto ou serviço com o usuário é fundamental antes de pensar em novas estratégias, para desta forma escolher o melhor caminho.

Quem é o seu cliente? O que eles esperam do seu produto ou serviço? Quanto estão dispostos a pagar por este produto ou serviço? Onde este produto deve ser disponibilizado?

Perguntas simples, mas com respostas complexas e se bem compreendidas levarão ao sucesso das organizações.

Estratégias que ganham força:

No boom deste processo de transformação, algumas estratégias ganham força e, se bem implantadas, podem alavancar os resultados:

I. Omnichannel:

A estratégia Omnichannel se baseia no uso simultâneo e interligado de diferentes canais de vendas, com o objetivo de estreitar a relação entre online e offline, aprimorando, assim, a experiência do cliente. Dessa forma, o Omnichannel possibilita usar um aplicativo para encontrar o item desejado, experimentá-lo na loja e recebê-lo no em casa.

Esta estratégia possibilita criar vários canais de venda para o mesmo produto ou serviço.

Com base na última pesquisa Gartner “Intelligence Report: Omnichannel 2019”, a mudança do comportamento do consumidor aumentou e impulsionou as empresas a investirem em hiperconectividade.

Estratégias como pick-up-store (Clique retire) ou BOPIS (Buy On Line Pick up in store) e BORIS (Buy Online Return in Store), ou seja, a modalidade de logística reversa

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que permite a compra online e troca/devolução na loja física, ganham destoque neste novo cenário.

A aplicação destas modalidades aumenta a visibilidade das empresas ao mesmo tempo que pressionam para uma gestão de estoques e serviço ao cliente mais eficientes.

Ship From Store (SFS):

Ship From Store é um termo em inglês para denominar o conceito de envio de produtos sem o uso de centros de distribuição. Ou seja, ao invés de deixar todo o estoque concentrado em apenas um local, as mercadorias ficam distribuídas nas próprias lojas físicas.

Transformando o ponto de venda físico em um minicentro de distribuição para atender os pedidos os pedidos on-line. Esta estratégia passou a ser utilizada por diversas empresas como alternativa de aumentar receitas (lojas on line que criaram lojas físicas e lojas físicas que criaram lojas on line) melhorando o nível de serviço ao cliente, criando opções de modalidade de entrega minimizando riscos dos processos de atendimento ao cliente.

O grande diferencial de fazer da loja física um ponto de distribuição é a facilidade e agilidade da compra online. É que, ao finalizar o pedido, o comprador pode decidir se quer que o produto seja entregue em casa ou se prefere retirar pessoalmente no estabelecimento mais próximo, gerando comodidade e conveniência em benefício do cliente / consumidor e facilitando o processo de entrega.

Dropshipping:

Com a maior possibilidade de integração entre as empresas, permitindo um maior controle e visibilidade da cadeia de suprimentos, o Dropshipping passou a ser mais utilizado como estratégia e alternativa para melhorar o serviço ao cliente reduzindo as operações excessivas e em alguns casos substituindo o Crossdocking.

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A estratégia que possibilita a redução do capital investido em estoque passou a ser melhor utilizada pelas empresas a partir do momento em que as mesmas conseguem integrar e gerenciar todo o processo da cadeia de fornecimento.

O maior risco é o não cumprimento do prazo prometido para a entrega, mas a boa gestão do fluxo do pedido permite a oferta de prazos reais alinhado a expectativa de entregas com os clientes e permitindo oferecer preços mais atrativos e maior rentabilidade para o cliente e para a empresa.

Estratégias antigas são mais valorizadas:

A colaboração e a responsabilidade social e ambiental foram fortalecidas neste processo de transformação digital. A facilidade de acesso a informações, pesquisas e a transparência exigida pelo consumidor começam a moldar as operações das empresas.

Desta forma, algumas estratégias antes deixadas em segundo plano, passam a ser fundamentais. Tais como a Logística Reversa e as Operações Compartilhadas.

o Logística Reversa:

A Logística Reversa é, portanto, o fluxo contrário – do ponto de consumo ao ponto de origem. Ela visa a recuperação de valor ou a disposição apropriada dos bens. Considerando a complexidade da Cadeia Reversa, é compreensível entender o porquê de as empresas deixarem de olhar com mais cautela esta estratégia. A falta de conhecimento e entendimento sobre as legislações vigentes, e em muitos casos ultrapassadas, também pesam nesta complexidade.

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A complexidade da Cadeia Reversa exige uma colaboração intensa para proporcionar a agilidade necessária.

Combinar o atendimento das exigências e expectativas dos clientes associando aos aspectos legais, sociais, ambientais e financeiros da organização são os fatores chaves para uma Cadeia de Suprimentos Sustentável.

Entendendo que neste momento o foco inicial é a relação com o cliente / consumidor, iremos focar as nossas atenções para o entendimento da Logística Reversa do Pós-Venda.

Alguns dados para analisarmos:

  • No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Varejo (IBEVAR), em 2018 o varejo de bens de consumo movimentou aproximadamente R$ 1,3 trilhões;
  • Segundo a Sociedade Brasileira de Varejo (SBV), 5% de tudo que vendido é devolvido pelo cliente por motivos diversos;
  • O Custo da Logística Reversa chega a representar 6% do faturamento bruto das empresas;
  • Há registros de fabricantes que este custo chega a representar 15%;
  • As taxas de devoluções em crescem em média 4% ao ano;
  • Empresas que adotaram boas práticas de Logística Reversa no Pós-Venda reduziram
  • seus custos em aproximadamente 10%.

Quando nos deparamos com as pesquisas do comportamento do consumidor neste processo vemos ainda mais a importância de se ter estratégias claras em relação ao Pós- Venda.

O Relacionamento com o cliente deve ser visto como um investimento. Entender e proporcionar uma experiência de compra de alto nível deve fazer parte da estratégia, proporcionando segurança na compra, estabelecendo um processo simples e rápido para as Trocas e Devoluções, pois a partir dela será possível:

  • aumentar em 64% a satisfação do consumidor;
  • Possibilidade de gerar uma nova venda em 45% das ocorrências;

Reter 31% dos clientes.

o Operações compartilhadas e o modelo de Lead Logistic Provider (LLP):

O compartilhamento de operações vem ganhando ainda mais força neste cenário. O crescente uso de Operadores Logísticos, compartilhamento de Veículos, Ativos e as atividades de Gestão da Cadeia de Suprimentos, Armazenagem e Mão de Obra estão crescendo evidenciando que a colaboração é um fator chave neste cenário.

Aspectos geográficos e tributários também são considerados decisivos nas operações compartilhadas. A utilização de Operadores Logísticos e a modalidade de Armazéns Gerais apresentam umas das melhores alternativas para melhorar o nível de serviço, ter uma maior capilaridade e custos mais adequados, aumentado a eficiência operacional em todos os níveis da Cadeia de Suprimentos.

Impulsionado também por esta transformação digital, o Supply Chain Digital permite que as organizações passem a gestão da cadeia de suprimentos para uma empresa especialista, buscando desta forma sinergia de processos, tecnologias e de recursos humanos, promovendo uma grande força de colaboração e de busca por resultados ágeis.

Nesse contexto ganha força a implantação de Lead Logistic Provider (LLP) ou Fourth- Party Logistic Provider (4PL) como estratégia para as empresas para uma melhor Gestão da Cadeia de Suprimentos, atuando como integrado e gestor fazendo a interface entre a Organização e todos os provedores de serviços logísticos.

Nesta estratégia é importante não confundir o conceito LLP com Torre De Controle. As Torres de Controle têm como foco o da Operação, desta forma fazendo parte do escopo das atividades do LLP.

O uso destes especialistas e a importância da colaboração são fatores determinantes para implantações bem-sucedidas do modelo LLP, mas a certeza que os resultados sempre serão melhores é inquestionável.

Atenção redobrada:

O destaque neste momento é para a melhor execução do Last Mile. Esta experiencia do consumidor é determinante para o retorno e realização de novas compras.

I. Last Mile:

A última milha ou última etapa, é o caminho final para o sucesso da entrega ao cliente ao consumidor. É a última chance de encantar o cliente, por isso a gestão do Last Mile precisa ser muito bem planejada.

Planejar rotas, sincronizar o processo de picking e expedição à roteirização de entrega para aumentar a produtividade e assertividade é um ponto muito importante, além de adequar a estrutura tecnológica e operacional.

Investir em tecnologias de gerenciamento de entregas on-line (DMS – Delivery Management System) com monitoramento de time-line ativo para interagir com o cliente sobre o status de sua entrega.

Utilizar o agendamento de entrega dando opções de dias, turnos e hora para promover alternativas e comodidade e conveniência para o cliente também é estratégico e gera uma nova expectativa na experiência de compra.

Ferramenta de Gestão e Monitoramento das Entregas (DMS)

Utilizar ferramentas que ajudem na roteirização, controle de tráfego e interação com o motorista para garantir o controle de prazo das tarefas devem ser rotinas. Buscar que todas etapas sejam gerenciadas e atendam todos os quesitos de compliance também são importantes.

A Gestão do Last Mile vai além do “chegar o produto certo, no dia certo, na hora certa e nas condições estabelecidas”. O papel do entregador é fundamental. O Atendimento, a cordialidade, a presteza em servir ao cliente é evidenciada neste momento. Por isso o cuidado com as estratégias de compartilhamento de carga, investir em transportes coletivos e aplicativos de entrega precisam ser gerenciados “de perto”, pois o mau atendimento pelo entregador pode colocar em risco todas as demais estratégias.

Neste contexto de muitos desafios para a execução da última milha, algumas estratégias precisam ser avaliadas:

Aspectos de infraestrutura, segurança pública e legislação local são pontos determinantes para a adoção destas estratégias. Avaliar com cuidado como cada estratégia desta pode ajudar em seu negócio é uma atividade que requer muito estudo e ajuda de especialistas para gerar o entendimento correto, rápido e da melhor forma possível.

Logística Tributária

No Brasil, não podemos deixar de ficar atentar aos aspectos tributários. Onde esta transformação digital também pressiona para mudanças de legislações e consequentemente para novas avaliações de malhas logísticas em detrimento a benéficos fiscais, substituições tributárias (ST), entre outros.

  • Este tema será tratado a parte, mas não poderia deixar de ser mencionado, pois para várias empresas tem grande implicações e investimentos em infra-estrutra que foram realizados a partir do modelo atual.

Conclusões

O que fazer?

  • Invista acima de tudo nas pessoas. Não há limites para esta ação. O que deve existir é um bom plano de desenvolvimento alinhado com o propósito da organização. Contrate bem e retenha os talentos;
  • O Cliente / Consumidor deve estar sempre no centro das decisões;
  • Redefina as estratégias e amplie os investimentos em Logística e Supply Chain Digital;
  • Personalização é um grande diferencial;
  • Omnichannel deve estar presente;

Informação é um ativo muito valioso: velocidade, transparência e segurança são

decisivos, por tanto, simplifique seus processos e garanta a interação entre as diversas

áreas da empresa.

Invista em Tecnologia atento a revolução em curso e sem risco de entrar em

“modismos”;

Colaboração: esteja pronto para interagir, compartilhar e dividir informações sem

receio.

Com um bom entendimento destas estratégias e com um time capacitado as organizações conseguirão sobreviver a esta nova era de transformação.

Como fazer?

É sabido que o grande problema das empresas é garantir a execução dos extensos planos de ações. Simplificar e fazer o básico bem feito, sem burocratizar a organização deve ser um dos pontos de atenção.

Desta estabelecer Comitê de Gestão Estratégica para pensar na Logística e Supply Chain 4.0 deve ser o primeiro passo dentro dos Conselhos de Administração e do corpo Executivo das organizações. Posicionando para garantir que as estratégias definidas sejam de fato implementadas olhando para o futuro, dando atenção ao planejamento e não aos redemoinhos gerados pelas rotinas.

Reuniões mensais dos comitês devem ser realizadas para garantir o cumprimento das ações dentro dos prazos e que desta forma exista a prestação de contas para todos os colaboradores, buscando sempre acelerar o desenvolvimento de forma sustentável.

Se você ainda não pensou no futuro da Logística e do Supply Chain, comece agora.

É estratégico e de fundamental importância para a sobrevivência das organizações. Não resta uma alternativa para as organizações a não ser em investir em Processos, Pessoas e Tecnologia para acelerar o seu desenvolvimento e atender os requisitos do Cliente / Consumidor moderno e inovar.

As empresas precisam ser rápidas, consistentes e flexíveis para ainda estarem competitivas nesta nova jornada garantindo uma Logística Eficiente e uma Cadeia de Suprimentos Inovadora.

Este é o melhor caminho e não há mais tempo para esperar.

Felipe Trigueiro CEO da FTLOG